Outubro
“A Igreja, quando busca Cristo,
bate sempre à casa da Mãe e pede: Mostrai-nos Jesus”
“É de Maria que se aprende o
verdadeiro discipulado. E, por isso, a Igreja sai em missão sempre, na esteira
de Maria.” Papa Francisco - Santuário de
Nossa Senhora Aparecida
JMJ/RJ 2013
E
em seu discurso, no encontro com o episcopado brasileiro, no Rio de Janeiro,
compartilha sua belíssima reflexão: Aparecida - chave de leitura para a missão
da Igreja.
“Queridos Irmãos!
... Mais do que um discurso formal, quero compartilhar algumas reflexões com
vocês. A primeira veio à minha mente quando da outra vez visitei o Santuário de
Aparecida. Lá, ao pé da imagem da Imaculada Conceição, eu rezei por vocês, por
suas Igrejas, por seus presbíteros, religiosos e religiosas, por seus
seminaristas, pelos leigos e as suas famílias, em particular pelos jovens e os
idosos, já que ambos constituem a esperança de um povo: os jovens, porque eles
carregam a força, o sonho, a esperança do futuro, e os idosos, porque são a
memória, a sabedoria de um povo.
Aparecida:
chave de leitura para a missão da Igreja. Em Aparecida, Deus ofereceu ao Brasil a sua própria
Mãe, mas também deu uma lição sobre Si mesmo, sobre o seu modo de ser e agir.
Uma lição sobre a humildade que pertence a Deus como traço essencial e está no
DNA de Deus ... No início do evento que é Aparecida, está a busca dos
pescadores pobres. Tanta fome e poucos recursos. As pessoas sempre precisam de
pão. Os homens partem sempre das suas carências, mesmo hoje. Possuem um barco
frágil, inadequado; têm redes decadentes, talvez mesmo danificadas,
insuficientes.
Primeiro, há a
labuta, talvez o cansaço, pela pesca, mas o resultado é escasso: um falimento,
um insucesso. Apesar dos esforços, as redes estão vazias.
Depois, quando foi
da vontade de Deus, comparece Ele mesmo no seu Mistério. As águas são profundas
e, todavia, encerram sempre a possibilidade de Deus; e Ele chegou de surpresa,
quem sabe quando já não o esperávamos. A paciência dos que esperam por Ele é
sempre posta à prova. E Deus chegou de uma maneira nova, porque Deus é
surpresa: uma imagem de barro frágil, escurecida pelas águas do rio,
envelhecida também pelo tempo. Deus entra sempre nas vestes da pequenez.
Veem então a
imagem da Imaculada Conceição. Primeiro o corpo, depois a cabeça, em seguida a
unificação de corpo e cabeça: a unidade. Aquilo que estava quebrado retoma a
unidade. O Brasil colonial estava dividido pelo muro vergonhoso da escravatura.
Nossa Senhora Aparecida se apresenta com a face negra, primeiro dividida mas
depois unida, nas mãos dos pescadores.
Há aqui um
ensinamento que Deus quer nos oferecer. Sua beleza refletida na Mãe, concebida
sem pecado original, emerge da obscuridade do rio. Em Aparecida, logo desde o
início, Deus dá uma mensagem de recomposição do que está fraturado, de
compactação do que está dividido. Muros, abismos, distâncias ainda hoje
existentes estão destinados a desaparecer. A Igreja não pode descurar esta
lição: ser instrumento de reconciliação.
Os pescadores não
desprezam o mistério encontrado no rio, embora seja um mistério que aparece
incompleto. Não jogam fora os pedaços do mistério. Esperam a plenitude. E esta
não demora a chegar. Há aqui algo de sabedoria que devemos aprender. Há pedaços
de um mistério, como partes de um mosaico, que vamos encontrando. Nós queremos
ver muito rápido a totalidade; e Deus, pelo contrário, Se faz ver pouco a
pouco. Também a Igreja deve aprender esta expectativa. Depois os pescadores
trazem para casa o mistério. ...
Os pescadores
agasalham: revestem o mistério da Virgem pescada, como se Ela tivesse frio e
precisasse ser aquecida. Deus pede para ficar abrigado na parte mais quente de
nós mesmos: o coração. Depois é Deus que irradia o calor de que precisamos, mas
primeiro entra com o subterfúgio de quem mendiga. Os pescadores cobrem o
mistério da Virgem com o manto pobre da sua fé. Chamam os vizinhos para verem a
beleza encontrada; eles se reúnem à volta dela; contam as suas penas em sua
presença e lhe confiam as suas causas. Permitem assim que possam implementar-se
as intenções de Deus: uma graça, depois a outra; uma graça que abre para a
outra; uma graça que prepara outra. Gradualmente Deus vai desdobrando a
humildade misteriosa de sua força.
Há muito para
aprender nessa atitude dos pescadores. Uma Igreja que dá espaço ao mistério de
Deus; uma Igreja que alberga de tal modo em si mesma esse mistério, que ele
possa encantar as pessoas, atraí-las. Somente a beleza de Deus pode atrair. O
caminho de Deus é o encanto que atrai. Deus faz-se levar para casa. Ele
desperta no homem o desejo de guardá-lo em sua própria vida, na própria casa,
em seu coração. Ele desperta em nós o desejo de chamar os vizinhos, para
dar-lhes a conhecer a sua beleza. A missão nasce precisamente dessa fascinação
divina, dessa maravilha do encontro. Falamos de missão, de Igreja missionária.
...
A Igreja tem
sempre a necessidade urgente de não desaprender a lição de Aparecida; não a
pode esquecer. As redes da Igreja são frágeis, talvez remendadas; a barca da
Igreja não tem a força dos grandes transatlânticos que cruzam os oceanos. E,
contudo, Deus quer se manifestar justamente através dos nossos meios, meios
pobres, porque é sempre Ele que está agindo. ... Outra lição que a Igreja deve
sempre lembrar é que não pode afastar-se da simplicidade; caso contrário,
desaprende a linguagem do Mistério. E não só ela fica fora da porta do
Mistério, mas, obviamente, não consegue entrar naqueles que pretendem da Igreja
aquilo que não podem dar-se por si mesmos: Deus. ... Sem a gramática da
simplicidade, a Igreja se priva das condições que tornam possível “pescar” Deus
nas águas profundas do seu Mistério” Papa Francisco JMJ/RJ.
PROPÓSITO DO MÊS
Meditar e refletir
as palavras do Papa Francisco, quando faz de Aparecida chave de leitura para a
missão da Igreja, bem como todo o seu discurso, durante o encontro com o
episcopado brasileiro, na JMJ em 27 de julho de 2013, Rio de Janeiro.
INTENÇÃO MENSAL
Oferecimento da oração
do Rosário à Virgem Maria, colocando aos seus pés a Igreja e o nosso País,
“conservando a esperança, deixando-nos surpreender por Deus e vivendo na
alegria” Papa Francisco.
Para
aprofundar:
Pronunciamentos do
Papa Francisco no Brasil (págs. 44 à
56) - Edição Loyola - Paulus
Discurso do Santo
Padre Papa Francisco (JMJ/RJ) Encontro com o episcopado brasileiro