(Ano A)
"Tu és bendita do Senhor, Deus Altíssimo, entre todas as mulheres da terra”
(Jud 13.18)
“Vede: a Virgem conceberá e dará à luz um Filho. Ele será chamado Emanuel,
que quer dizer: Deus conosco” (Mt 1.22-23)
Se toda a Sagrada Escritura está focada em Jesus Cristo, é natural que, aos olhos dos cristãos, muitos símbolos e figuras do Antigo Testamento emitam radiações e ondas marianas.
Os Padres da Igreja e a Liturgia, escola privilegiada da fé, também ousaram descortinar, através de vultos femininos que esmaltam o Antigo Testamento, traços “antecipados” da Mãe do Salvador. Não é que esses perfis tenham semelhanças diretas ou imediatas com Maria: os olhos dos cristãos é que os redesenham dando-lhes feições marianas.
Maria é prefigurada em Sara, Rebeca, Ana, mulheres estéreis bafejadas com uma extraordinária maternidade que nos remete para a maternidade de Maria, a Virgem. Débora, Ester, Judite são outros seres débeis e, enquanto mulheres, criaturas desprezadas no Oriente (e não só), mas que Deus utiliza para libertar o seu povo. Fazendo maravilhas na pequenez das suas servas, “Deus derruba do trono os poderosos e exalta os humildes” - cantará Maria no Magnificat
Uma das passagens mais conhecidas da profecia de Isaías - o anúncio do nascimento do Emanuel - é retomada no Evangelho de São Mateus, a propósito do nascimento de Jesus: “Tudo aconteceu para se cumprir o que o Senhor havia dito pelo profeta: “Vede: a Virgem conceberá e dará à luz um Filho. Ele será chamado Emanuel”, que quer dizer: Deus conosco” (Mt. 1.22-23)
O oráculo de Sofonias: “Alegra-te, filha de Sião, grita de alegria, filha de Jerusalém...” (Sof 3.14) ressoa nas palavras do anjo Gabriel: “Alegra-te, cheia de Graça” (Lc 1.30). “Não temas, Sião” (Sof 3.16) - diz o profeta; “Não temas, Maria!” (Lc 1.30) - diz o anjo. E o motivo da confiança é sempre o mesmo: “O Senhor, teu Deus, está no meio de ti” (Sof 3.17); “O Senhor está contigo” (Lc 1.28)
A história de Israel é uma história sagrada que vai caminhando para a vinda do Messias. Através de provações e descalabros, que culminam no exílio de Babilônia, Deus vai purificando o povo das suas miragens terrenas de grandezas, a fim de o abrir ao conhecimento do seu nome. Progressivamente, Israel vai-se compenetrando da sua missão como povo, e também das exigências da aliança que Deus estabeleceu com ele. A comunidade que sobrevive ao exílio, agrupada à volta do Templo de Jerusalém, é o pequeno “resto”, formado pelos “anawin”, os “pobres de Javé”, que preparam definitivamente o cumprimento da Aliança.
“Maria sobressai entre os humildes e pobres do Senhor que confiadamente esperam e recebem a salvação de Deus” (Lumen gentio n.55).
É a primeira entre os “pobres” que Jesus saúda nas bem-aventuranças. É a mais bela realização deste movimento que leva Israel à purificação total. Deus pode cumprir as suas promessas, porque encontrou nela um espírito humilde e disponível.
A vinda do Filho de Deus leva o tempo à plenitude. A “plenitude dos tempos” caracteriza-se pela confluência de todas as forças positivas da história, de todas as mediações da Graça, num ponto, no momento da visitação de Deus por meio do seu Filho encarnado. Nesse ponto está a “mulher”, Maria. Está também a Igreja, formada por todos aqueles a quem o Verbo “deu o poder de se tornarem filhos de Deus” (Jo 1.12). Começa a nova era, a nova fase da amizade entre o ser humano e Deus.
Paulo VI resume-o de maneira esplêndida: o aparecimento de Maria na história da humanidade é como o surgir duma luz num ambiente escuro; luz matinal, ainda pálida e indireta, mas suavíssima, belíssima, anunciando que o Sol de Jesus Cristo está a raiar: o destino feliz da humanidade, a salvação está mais perto. Maria transporta-a consigo. Ela é “o vértice do Antigo Testamento e a aurora do Novo, na qual se realizou a “plenitude do tempo” (Gl 4.4), predestinada por Deus para enviar o seu Filho Unigênito ao mundo” (Paulo VI - Signum magnum n.10)
Nossa Senhora do Evangelho - “Fazei o que Ele vos disser” - Abílio Pina Ribeiro
Setembro - 2017
Natividade de Nossa Senhora (dia 08)
Exaltação da Santa Cruz (dia 14)
Nossa Senhora das Dores (dia 15)
PROPÓSITO DO MÊS
Meditar e refletir: “A verdade substitui os símbolos e as figuras, a nova aliança toma o lugar da antiga. Começa a nova era, a nova fase da amizade entre o ser humano e Deus”.
Abílio Pina Ribeiro
INTENÇÃO MENSAL
Oferecimento da oração do Santo Terço à Virgem Maria, pelas intenções do Papa Francisco.
Para aprofundar:
Nossa Senhora do Evangelho “Fazei o que Ele vos disser” - Abílio Pina Ribeiro
*A obra que ilustra o Tema Mensal - Setembro 2017, “Annunciazione” é de Mark Ivan Rupnik
(M.C.V.F.)
www.virgemperegrina.org.br