Dezembro - 2017
(Ano A)
“... e todos os
confins da terra hão de ver a salvação que vem de Deus” (Is. 52.7-10)
“E a Palavra se fez carne e habitou entre nós.” (Jo. 1.14)
O
mistério do Natal encontra-se expresso com profundidade poética e teológica nas
palavras do “Prólogo” do Evangelho de São João: “No principio a Palavra já
existia: a Palavra estava voltada para Deus e a Palavra era Deus. [...]
E
a Palavra se fez carne e habitou entre nós” (Jo. 1.14) [...]
O Verbo/Palavra, que é o Filho no seio da
Santíssima Trindade, armou a Sua morada entre nós, fazendo-se carne da nossa
carne, homem para a morte como nós. É ainda São João que nos refere a
finalidade desta vinda de Deus, em Jesus: “Ninguém jamais viu a Deus: quem nos
revelou Deus foi o Filho único que está junto do Pai.” (Jo. 1.18). Dar a conhecer o Pai, o Seu rosto bondoso e
compassivo, o Seu coração cheio de verdade, é a razão para que o Filho venha ao
nosso encontro e fale na nossa linguagem. Conhecer o Pai é a vida eterna: “...
a vida eterna é esta: que Te conheçam a Ti, o único Deus verdadeiro, e Aquele
que enviaste, Jesus Cristo” (Jo. 17.3). Assim sendo, mostrar o Pai,
transparente desde a Sua carne, do nascimento à morte na cruz, para fazer os
homens participantes deste amor e da vida eterna, é a motivação do mistério do
Natal de Jesus.
O Mistério do Natal na Pintura
Portuguesa - Tiago Alexandre Asseiceira Moita
Em
cada Natal celebramos o nascimento de Jesus. Gerado pelo Espírito Santo no seio
da Virgem Maria, nasceu há dois mil anos em Belém da Judéia. Gerado pelo
Espírito Santo no seio da Igreja e nos corações dos fiéis cristãos, nasce
também hoje, humilde, despercebido e tantas vezes rejeitado neste nosso mundo.
O
mundo tem dificuldade em O receber, mas precisa d’Ele para ter vida verdadeira.
Ele é o Logos por quem tudo foi
criado e n’Ele tudo subsiste (Cl. 1.16-17).
Sem Ele nada tem lógica, nada se mantém; sem Ele, o homem desconhece-se
a si mesmo, degrada-se e corrompe-se.
Celebramos
o nascimento de Jesus! No centro deste pequeno retábulo vemos Jesus
recém-nascido envolto em faixas e deitado na manjedoura, entre animais no
escuro da gruta, nas entranhas da terra comovida.
Entre
nós e Ele está a Virgem Maria que nos olha e nos convida a aproximar apontando
discretamente para o Menino com o seu braço direto. Está entre nós e Ele porque
ninguém se pode encontrar com Jesus, sem se encontrar com aquela que O gerou e
o deu ao mundo.
Ninguém
se pode encontrar com Cristo sem a Igreja. Sem a Igreja, Cristo, no mundo, é
apenas um nome, uma idéia, uma vaga memória de alguém que viveu há muitos
séculos. Mas, na Igreja, Ele está vivo, ressuscitado, vencedor da morte,
espírito vivificante (1Cor.
15.45).
Na Igreja podemos, pela fé e pela caridade, ouvi-l’O, vê-l’O e tocá-l’O, e ser
curados por Ele.
É
na Igreja que O reconhecemos como Verbo de Deus Encarnado, por amor de nós
homens e para nossa salvação.
Do
outro lado da manjedoura vemos a figura discreta de José, o servo fiel e
prudente que o Senhor colocou à frente da sua casa.
É
no Batismo, simbolizado na água da vasilha que está entre Maria, José e o
Menino, que Cristo nasce em nós cristãos. Sem esse nascimento espiritual que
transforma as nossas vidas, não há verdadeiramente vida cristã. [...]
Nascendo
em nós, Cristo faz aparecer nas nossas vidas os sinais característicos da sua
presença, simbolizados na estrela: alegria, paz, amor fraterno, comunhão e amor
ao inimigo são sinais que os pagãos vêem, mas que não bastam para nos conduzir
a Cristo. De fato, a fé cristã nasce da pregação, e por isso vemos também, na
parte inferior do lado direito, o anúncio do Anjo aos pastores, o mesmo anúncio
que nós já recebemos e que devemos levar sempre aos outros. Que lhes diremos?
Que Boa Notícia temos nós cristãos para dar ao mundo?
A
mesma de sempre, que encontramos maravilhosamente resumida nestas palavras que
dão início à Primeira Carta de São João:
“O que era desde o princípio, o que ouvimos,
o que vimos com nossos olhos, o que contemplamos e o que as nossas mãos tocaram
do Verbo da vida - porque a Vida se manifestou, nós a vimos e dela vos damos
testemunho e vos anunciamos esta Vida eterna, que estava voltada para o Pai e
que nos apareceu - o que vimos e ouvimos vo-lo anunciamos para que estejais
também em comunhão conosco. E a nossa comunhão é com o Pai e com o seu Filho
Jesus Cristo” (1Jo.
1.1-3).
Imagens da Fé
Percursos iconográficos, teológicos e pastorais - D. João Marcos
PROPÓSITO DO MÊS
Meditar
e refletir: O
mundo tem dificuldade em O receber, mas precisa d’Ele para ter vida verdadeira.
Sem Ele nada tem lógica, nada se mantém; sem Ele, o homem desconhece-se a si
mesmo, degrada-se e corrompe-se.
INTENÇÃO MENSAL
Oferecimento
da oração do Santo Terço à Virgem Maria, pelo nascimento de Jesus, “Luz do
mundo”, em todos os corações!
Para aprofundar:
O
Mistério do Natal na pintura portuguesa - Tiago Alexandre Asseiceira Moita -
Paulus
Imagens da Fé
- Percursos iconográficos teológicos e pastorais - Paulus
*A
obra que ilustra o Tema Mensal de dezembro 2017, “Nascimento”, D. João Marcos
(atual Bispo coadjutor de Beja) - Igreja da Paróquia da Apelação, Loures -
Portugal.
(M.C.V.F.)
w.w.w.virgemperegrina.org.br