Dezembro – 2016
“As nações
caminharão na tua luz, e os reis, no clarão do teu Sol nascente” Is 60.3
“E eis que Eu estou convosco todos os dias, até a consumação
dos séculos” Mt 28.20
O Advento é,
por excelência, o tempo da esperança.
É um tempo favorável para a redescoberta de uma esperança
não vaga nem ilusória, mas certa e confiável, porque está ‘ancorada’ em Cristo,
Deus feito homem, rochedo da nossa salvação.
Cada ano, esta atitude fundamental do espírito desperta no
coração dos cristãos que, enquanto se preparam para celebrar a grande festa do
nascimento de Cristo Salvador, reavivam a expectativa da Sua vinda gloriosa no
fim dos tempos.
“Ó Maria,
Virgem da expectativa e Mãe da esperança, reaviva em toda a Igreja o espírito
do Advento, para que a humanidade inteira volte a pôr-se a caminho rumo à
Belém, onde veio e onde virá de novo para nos visitar o Sol que nasce do alto (Lc
1.78), Cristo nosso Deus. Amém.
No caminho do Advento, a Virgem Maria ocupa um lugar
especial, como aquela que de maneira singular esperou a realização das
promessas de Deus, em plena obediência à vontade divina.
“Ave, cheia de
graça, o Senhor está contigo” Lc 1.28.
“Chaire kecharitomene, ho Kyrios meta sou”
São estas as palavras - citadas pelo evangelista Lucas - com
as quais o Arcanjo Gabriel se dirige a Maria. À primeira vista, o termo chaire, “ave”,
parece uma saudação normal, usual no âmbito grego, mas estas palavras, se
forem lidas no contexto da tradição bíblica, adquirem um significado muito mais
profundo. Este mesmo termo aparece quatro vezes na versão grega do Antigo
Testamento e sempre como anúncio de alegria pela vinda do Messias. Portanto, a
saudação do anjo a Maria constitui um convite à alegria, a um júbilo profundo,
anuncia o fim da tristeza que existe no mundo, diante do limite da vida, do
sofrimento, da morte, da maldade e da obscuridade do mal que parece ofuscar a
luz da bondade divina. Trata-se de uma saudação que marca o início do
Evangelho, da Boa Nova.
Na saudação do anjo, Maria é chamada “cheia de graça”; em
grego o termo “graça”, charis,
tem a mesma raiz lingüística da palavra “alegria”.
Também nesta expressão é ulteriormente esclarecida a
nascente do alegrar-se de Maria : o júbilo provém da graça, ou seja, deriva da
comunhão com Deus, do fato de manter um vínculo tão vital com Ele, a ponto de
ser morada do Espírito Santo, totalmente plasmada pela obra de Deus.
“Maria deu à
luz o seu filho primogênito” Lc 2.7.
A Igreja nascente sabia que esta palavra ganhara uma nova
profundidade em Jesus.
Assim, a Carta aos Hebreus chama Jesus “o primogênito”
simplesmente para O qualificar, depois das preparações no Antigo Testamento,
como o Filho que Deus manda ao mundo. (...)
A festa do Natal coincide, no nosso hemisfério, com os dias
do ano em que o sol termina a sua parábola descendente e começa a aumentar
gradualmente o tempo de luz diurna, segundo o recorrente suceder-se das
estações. Isto ajuda-nos a compreender melhor o tema da luz que antecipa as
trevas. É um símbolo que recorda uma realidade que atinge o íntimo do homem:
refiro-me à luz do bem que vence o mal, do amor que supera o ódio, da vida que
derrota a morte. O Natal faz pensar nesta luz interior, na luz divina, que nos
volta a propor o anúncio da vitória definitiva do amor de Deus sobre o pecado e
a morte. (...)
Ao preparar-nos para celebrar com alegria o nascimento do
Salvador nas nossas famílias e nas nossas comunidades eclesiais, quando uma
certa cultura moderna e consumista tende a fazer desaparecer os símbolos
cristãos da celebração do Natal, seja compromisso de todos colher o valor das
tradições do Natal, que fazem parte do patrimônio da nossa fé e da nossa
cultura, para as transmitir às novas gerações. Em particular, ao ver estradas e
praças das cidades enfeitadas com luzes resplandecentes, recordemos que estas
luzes evocam outra luz, invisível aos olhos, mas não ao coração.
Enquanto as admiramos, ao acendermos as velas nas Igrejas ou
a iluminação do presépio e da árvore de Natal nas casas, o nosso ânimo se abra
à verdadeira luz espiritual trazida a todos os homens de boa vontade.
O Deus conosco, nascido da Virgem Maria em Belém, é a
Estrela da nossa vida.
Advento e Natal - Bento XVI
PROPÓSITO DO
MÊS
Meditar e
refletir:
“A glória de
Deus não se manifesta no triunfo e no poder de um rei, não resplandece numa
cidade famosa, num palácio luxuoso, mas faz a sua morada no ventre de uma
Virgem, revela-se na pobreza de um Menino.”
Papa
Bento XVI - 2012
INTENÇÃO MENSAL
Oferecimento da
oração do Santo Terço à Virgem Maria, pelo fim dos meninos-soldado e para que
os povos europeus redescubram a beleza, a bondade e a verdade do Evangelho, que
dá alegria e esperança à vida. (Intenções do Papa Francisco para
dezembro/2016)
Para aprofundar
Advento e Natal
- Bento XVI – Paulus Editora
* A obra que
ilustra o Tema Mensal de dezembro 2016, “Adoração” - Murillo - 1888 National Gal. London
M.C.V.F. Baixe este e Temas de meses anteriores - Arquivos em Word