Janeiro – 2017
“As
nações caminharão na Tua luz, e os reis, no clarão do Teu sol nascente” (Is. 60.3)
“Vimos a sua estrela no Oriente e
viemos para adorar o Senhor” (Mt.
2.2)
“Alegrai-vos no Senhor - exclama S. Leão
Mágno - porque depois de breve intervalo, após a solenidade do Nascimento de
Cristo, resplandece a festa da manifestação;
e aquele que a Virgem deu à luz no Natal, neste dia foi reconhecido pelo mundo”
A
solenidade da Epifania, a grande luz que irradia da Gruta de Belém, através dos
Magos provenientes do Oriente, inunda a humanidade inteira.
Eis
que aparece diante de nós a maravilhosa visão do profeta Isaías que, depois das
humilhações padecidas pelo povo de Israel por parte das potências deste mundo,
vê o momento em que a grande luz de Deus, aparentemente sem poder e incapaz de
proteger o Seu povo, surgirá sobre toda a Terra, de maneira que os reis das
nações se inclinarão diante d’Ele, virão de todos os confins da Terra e
depositarão aos Seus pés os seus tesouros mais preciosos. Então, o coração do
povo trepidará de alegria.
Em
comparação com esta visão, aquela que nos apresenta o Evangelista Mateus parece
pobre e modesta: parece-nos impossível reconhecer nela o cumprimento das
palavras do profeta Isaías.
Com
efeito, à Belém não chegam os poderosos nem os reis da Terra, mas alguns Magos,
personagens desconhecidas, talvez vistas com suspeita, de qualquer maneira não
dignos de atenção particular. Os habitantes de Jerusalém estão informados sobre
aquilo que aconteceu, mas não consideram necessário preocupar-se, nem sequer
parece haver em Belém alguém que se interesse pelo nascimento deste Menino,
chamado pelos Magos Rei dos Judeus, ou por estes homens vindos do Oriente que O
vão visitar.
Pouco
depois, quando o rei Herodes faz compreender quem é que efetivamente detém o
poder, obrigando a Sagrada Família a fugir para o Egito e oferecendo uma prova
da sua crueldade com o massacre dos inocentes (Mt. 2.13-18),
o episódio dos Magos parece ser eliminado e esquecido.
Portanto,
é compreensível que o coração e a alma dos crentes de todos os séculos se
sintam mais atraídos pela visão do profeta do que pela sóbria narração do
Evangelista, como testemunham também as representações desta visita aos nossos
presépios, onde
aparecem
os camelos, os dromedários e os reis poderosos deste mundo que se ajoelham
diante do Menino e depositam aos Seus pés os seus dons em caixas preciosas.
Todavia,
é necessário prestar maior atenção àquilo que os dois textos nos comunicam.
O
que viu Isaías com o seu olhar profético?
Num
só momento, ele vislumbra uma realidade destinada a marcar toda a história. Mas
também o acontecimento que Mateus nos narra não é um breve episódio
insignificante, que se conclui com o regresso apressado dos Magos às suas terras.
Ao contrário, é um início.
Aquelas
personagens provenientes do Oriente não são as últimas, mas as primeiras da
grande procissão daqueles que, através de todas as épocas da história, sabem
reconhecer a ‘mensagem da estrela’, sabem caminhar pelas veredas indicadas pela
Sagrada Escritura e, assim, sabem encontrar Aquele que é aparentemente fraco e
frágil, mas que ao contrário, tem o poder de conferir a maior e mais profunda
alegria ao coração do homem.
Com
efeito, n’Ele manifesta-se a realidade maravilhosa que Deus nos conhece e está
próximo de nós, que a Sua grandeza e poder não se manifestam na lógica do
mundo, mas na lógica de um Menino inerme, cuja força é unicamente a do amor que
se confia a nós.
No
caminho da história, há sempre pessoas que são iluminadas pela luz da estrela,
que encontram o caminho e chegam até Ele. Todas vivem, cada uma à sua maneira,
a mesma experiência dos Magos. (...)
Realiza-se
a visão do profeta: aquela luz não pode mais ser ignorada no mundo.
Os
homens caminharão rumo `aquele Menino e
serão iluminados pela alegria que só Ele sabe doar.
A
luz de Belém continua a resplandecer no mundo inteiro.
Papa Bento XVI -
Basílica Vaticana - (6 de janeiro de 2010)
PROPÓSITO
DO MÊS
Meditar
e refletir: “Portanto, os Magos não só se
puseram a caminho, mas a partir daquele gesto teve início algo de novo, foi
traçado um novo caminho, desceu sobre o mundo uma nova luz que não se apagou.”
INTENÇÃO
MENSAL
Oferecimento
da oração do Santo Terço à Virgem Maria, para
que caminhemos rumo àquele Menino e sejamos iluminados pela alegria que só Ele
sabe doar.
Para
aprofundar
Advento
e Natal - Bento XVI - Paulus Editora
*Obra
ilustrando Tema Mensal/Janeiro 2017 - Fra Angélico - “Adoração dos Reis Magos”
M.C.V.F.
www.virgemperegrina-sp.blogspot.com.br