Agosto - 2018
“A Assunção
da Virgem Maria é uma participação singular na Ressurreição de seu Filho e uma
antecipação da ressurreição dos outros cristãos...”
(CIC 966)
“O seu rosto
era encantador e luminoso ...”
(Pseudo-Mateus,
sécs. IV-V)
Com
as peças apócrifas podemos, compor um ícone monumental de Maria, cheio de
estupefação, de fantasia, de lenda; por vezes também de história e de fé, mas
sempre de afeto e admiração pela Mãe do Senhor.
Vejamos
por exemplo, como o Pseudo-Mateus, um importante apócrifo do século IV-V, que
se tornou um álbum iconográfico fundamental para os artistas medievais, delineia
a fisionomia da pequena Maria:
“Maria aos três anos caminhava com um passo tão
firme, falava de um modo tão perfeito, louvava a Deus tão assiduamente que
todos ficavam estupefatos e boquiabertos. Todos a consideravam não como uma
menina, mas como uma pessoa adulta, quase como se tivesse trinta anos. O seu
rosto era tão encantador e luminoso que era difícil suportar a sua beleza...” (Pseudo-Mateus,
sécs IV-V)
“Todos
a consideravam uma pessoa adulta”: os
apócrifos vêem, já na infância de Maria, toda a sua vida futura ...
Como foi escrito por um estudioso da literatura
apócrifa judaico-cristã, o Pe. Bagatti, estamos perante um campo que com a sua
fecundidade excessiva deu origem a uma vegetação luxuriante em que é difícil
desembaraçar-se; mas não se exclui que no interior deste terreno se escondam
algumas, raras, mas preciosas joias.
...Também para Maria se perfila no horizonte a
meta última da sua existência terrena ...
São três os textos apócrifos mais antigos que
relatam o seu fim terreno: o etíope Livro
do Repouso a Dormição da Virgem,
obra escrita em Grego, e o latino Transitus
Mariae. No segundo destes textos temos também uma cuidada descrição do
sepulcro em Jerusalém de onde Maria teria sido elevada ao Céu e que ainda hoje
é venerado numa basílica subterrânea do tempo dos cruzados, situada nas
imediações do Getsémani: “Aqui existem três grutas: uma exterior, uma interior
e uma ainda menor e interior com um banco elevado de barro. A Bem aventurada
(Maria) foi depositada sobre aquele banco.” Destes três apócrifos surgirá o
florescimento de outros escritos até ao século VII, desejosos de exaltar a
Assunção de Maria à imagem do Filho, que ascendeu à glória de Deus após a sua
morte.
Foi
o Papa Pio XII, como se sabe, que reuniu esta tradição constante da
cristandade, formalizando-a no dogma da Assunção, proclamado a 01 de novembro
de 1950.
Os rostos de Maria na Bíblia – Gianfranco
Ravasi
De fato, Deus, que desde toda a eternidade olhou
para a Virgem Maria com particular e pleníssima complacência, quando chegou a
plenitude dos tempos (Gl 4.4) atuou o plano da sua providência de forma que
refulgissem com perfeitíssima harmonia os privilégios e prerrogativas que lhe
concedera com sua liberalidade. A Igreja sempre reconheceu esta grande
liberalidade e a perfeita harmonia de graças, e durante o decurso dos séculos
sempre procurou estudá-la melhor, Nestes nossos tempos refulgiu com luz mais
clara o privilégio da Assunção corpórea da Mãe de Deus.
Munificentissimus Deus (3)
Os
apócrifos da Assunção serão depois organizados na Legenda Aurea medieval.
...
A
partir do século VII no Oriente, e do século XI no Ocidente, surge a
representação de Maria estendida sobre o seu leito de morte, rodeada pelos Doze
; por trás do leito, Cristo recebe a alma de Sua mãe, simbolizada ou numa
menina que Ele recebe nos braços ou num ícone mariano.
No
Ocidente, a partir do século XV, introduz-se, pelo contrário, uma cena mais
familiar. Maria, estendida no leito, segura muitas vezes um círio, ou está
ajoelhada mas amparada pelos Apóstolos. ... Por cima perfila-se Cristo com os
Anjos, ou, em pano de fundo, representa-se já a Assunção. Maria, então,
acompanha Cristo à glória da Ressurreição e do Céu...
Maria
entra portanto na tradição cristã não só com os traços essenciais e puríssimos
dos Evangelhos Canônicos, mas também com elementos deduzidos e filtrados da
massa de memórias e de criações devocionais apócrifas.
Os rostos
de Maria na Bíblia – Gianfranco Ravasi
“Deus munificentíssimo, que tudo pode, e cujos
planos de providência são cheios de sabedoria e de amor, nos seus
imperscrutáveis desígnios, entremeia na vida dos povos e dos indivíduos as
dores com as alegrias, para que por diversos caminhos e de várias maneiras tudo
coopere para o bem dos que o amam (cf.Rm 8,28)
Munificentissimus Deus (1)
PROPÓSITO DO MÊS
Meditar e refletir
“Em
vosso parto, guardastes a virgindade; em vossa dormição, não deixastes o mundo,
ó mãe de Deus: fostes juntar-vos à fonte da vida, vós que concebestes o Deus
vivo e, por vossas orações, livrareis nossas almas da morte.”
INTENÇÃO MENSAL
Oferecimento
do Santo Terço à Virgem Maria, por nossos entes queridos.
Para aprofundar:
Constituição Apostólica do Papa Pio XII -
Munificentissimus Deus
Os
rostos de Maria na Bíblia – Gianfranco Ravasi
*A obra que ilustra o Tema Mensal agosto 2018:
“Morte e assunção da Virgem” - Miniatura. 1400 - 1425 ca. Londres British Library.
M.C.V.F.
www.virgemperegrina.org.br