Outubro 2018
Ano B
“Apareceu no Céu um grande sinal...” (Ap 12.1)
“Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim” (Ap 21.6)
Quando se abre o Apocalipse sente-se de imediato uma atração
mista. É um texto de luta, estriado pelo sangue da História, mas é também uma
obra de contemplação envolvida num clarão de luz do qual emerge uma cidade onde
não se chora mais e onde a morte não reside.
Composto por volta dos anos 90-100, o Apocalipse é na
realidade, sobretudo uma evocação do presente dramático vivido pela Igreja de
então, perseguida pelo Império Romano. Através dos seus símbolos, das suas
alusões históricas, das suas citações bíblicas, o Apocalipse não pretende,
então, ser um prognóstico daquele “dia” e daquela “hora”, ignorados pelos anjos
de Deus e pelo próprio Filho do homem; quer, simplesmente, ser um apelo a
descobrir a contínua vinda de Cristo ao seio da história, pela criação do mundo
no auge da Páscoa, pela presença no seio da Igreja na plenitude futura quando
“Deus será tudo em todos” (1Cor 15.28)
Os rostos de Maria na Bíblia – Gianfranco
Ravasi
“Apareceu um grande sinal no Céu: uma Mulher revestida de
sol” (Ap 12.1)
A relação recíproca entre Maria e o Mistério da Igreja manifesta-se
claramente no “grande sinal” descrito no Apocalipse: “Apareceu um grande sinal
no Céu: uma Mulher revestida de sol, tendo a lua debaixo dos seus pés e uma
coroa de doze estrelas sobre a cabeça” (Ap 12.1). Neste sinal, a Igreja
reconhece uma imagem do próprio mistério: apesar de imersa na história, ela
está consciente de a transcender, porquanto constitui na terra “o germe e o princípio”
do Reino de Deus. Tal Mistério, a Igreja o vê realizado, de modo pleno e
exemplar, em Maria. É ela a Mulher gloriosa, na qual o desígnio de Deus se pôde
cumprir com a máxima perfeição.
A “Mulher revestida de sol” - assinala o livro do Apocalipse
- “estava grávida” (Ap 12.2). A Igreja está plenamente consciente de trazer em
si o Salvador do mundo, Cristo Senhor, e de ser chamada a dá-lo ao mundo,
regenerando os homens para a própria vida de Deus...
“O dragão deteve-se
diante da Mulher...” (Ap 12.4). No livro do
Apocalipse, o “grande sinal” da “Mulher” (Ap 12.1) é acompanhado por “outro
sinal no Céu”: “um grande dragão vermelho” (Ap 12.3), que representa Satanás,
potência pessoal maléfica, e conjuntamente todas as forças do mal que agem na
história e contrariam a missão da Igreja.
Carta Encíclica Evangelium
Vitae - Papa João Paulo II
A batalha espiritual é geralmente negligenciada na vida de
boa parte dos cristãos. ... Apocalipse
12 é uma das passagens mais importantes na Palavra de Deus para o estudo da
doutrina sobre os demônios. Aprendemos com a história básica, em Ap 12.1-6, que
Satanás é o “dragão”, o Leviatã do A.T. Ao mesmo tempo, percebemos que sua
“glória” é alcançada por esforço próprio, em total contraste com a “Mulher”,
que personifica o povo de Deus. Ela tem a verdadeira glória, pois ela, não o
dragão, é que está “vestida do sol, com a lua debaixo dos seus pés”. ... O
sinal dela é um “grande sinal”, ao passo que o do dragão é meramente “outro
sinal”. O propósito do dragão é frustrar o plano de Deus. Ele já subverteu um
terço das hostes angelicais e, agora, tenta destruir o menino, o Messias, filho
de Mulher. Porém, como ocorre durante toda a história, Deus intervém e derrota
as intenções perversas do dragão ao arrebatar o Messias para si. Assim, o dragão
volta sua atenção para a Mulher, mas ela foge para o deserto, o local da
proteção divina, onde Deus preparou um lugar para ela.
Apocalipse - Grant R. Osborne
Maria foi-nos dada como sinal da vitória na luta entre o bem
e o mal, a luz e as trevas, o pecado e a graça, a vida e a morte. ... Os filhos
da Virgem Maria e da Igreja são alvo dos ataques infernais.
“O dragão irou-se contra a Mulher e fez guerra aos outros
filhos seus” (Ap 12.17) Nesta guerra,
Maria e a Igreja são a nossa esperança. A Mulher brilhante como o sol
protege-nos, livra-nos da mentira e do erro. O cristão devoto de Maria sabe que
triunfará se permanecer na comunidade
eclesial. “As portas do Inferno não
prevalecerão contra ela” (Mt 16.18). Sem
o pensar e o sentir da Igreja não nos podemos salvar do “espírito do mundo”.
Quanto mais confiamos na Virgem Maria,
tanto mais será para nós um sinal da certeza na vitória.
Nossa Senhora do Evangelho - Abílio
Pina Ribeiro
PROPÓSITO DO MÊS
MEDITAR E REFLETIR
“Estava ao pé da Cruz quando parecia que o Inferno triunfava
ruidosamente. No entanto, “o seu Filho foi arrebatado para Deus e para o seu
trono”. Reina glorioso. No tremendo duelo entre a morte e a vida, esta levou a
melhor. Deus ressuscitou o seu Filho, e o mesmo Mistério de exaltação
cumpriu-se na bendita Mãe. O dragão foi precipitado no abismo; a Mulher
“revestida de sol”, glorificada.”
INTENÇÃO MENSAL
Oferecimento do Santo Terço à Virgem Maria, “pelo Brasil e
seu povo”.
PARA APROFUNDAR:
Os rostos de Maria na Bíblia - (pág.277) - Gianfranco Ravasi
Carta Encíclica - Evangelium Vitae - (n. 103/104) - Papa
João Paulo II
Apocalipse - Comentário Exegético - (pág. 523) - Grant R. Osborne
Nossa Senhora do Evangelho “Fazei o que Ele vos disser” -
(pág.216) - Abílio Pina Ribeiro
*A obra que ilustra o Tema Mensal - outubro 2018: “A Virgem
enquanto a Mulher do Apocalipse” - (1623) - Rubens, Peter Paul - J. Paul Getty
Museum - L.A. - U.S.A.
M.C.V.F.
