Junho – 2019
(Ano C)
“...o Senhor Jesus tomou o pão e,
depois de dar graças, partiu-o e disse:
Isto é o meu corpo, que é para vós; fazei
isto em memória de mim”. (1Cor 11.24)
“... após a ceia, também tomou o cálice
dizendo: Este cálice é a nova Aliança, em meu sangue; todas as vezes que dele
beberdes, fazei-o em memória de mim” (1cor 11.25)
O Novo
Testamento fala muito em termos especulativos a respeito da Parusia de Cristo,
mas se refere a ela do começo ao fim no contexto eucarístico e parenético. O
testemunho prático da expectativa escatológica dos cristãos é a celebração da
Ceia Eucarística, por meio da qual a “morte de Cristo é anunciada até que Ele
venha” - “Todas as vezes, pois, que comeis desse pão e bebeis desse cálice,
anunciais a morte do Senhor até que Ele venha”. (1Cor 11.26). Tanto no ato
quanto na promessa, a Ceia evoca a morte de Cristo e antecipa sua vinda em
glória. A Ceia em si é celebrada na expectativa da Parusia. Por isso a
exclamação Marán athá terá tido seu
lugar na celebração da Ceia.
A
Igreja implora o Cristo presente no Espírito de Deus pela vinda de seu Reino.
Por isso a comunhão Eucarística em torno da Ceia é compreendida como
adiantamento e representação antecipada da grande Ceia dos povos, na qual todas
as pessoas se fartarão.
Conquanto
a expectativa da Parusia tem forte cunho apocalíptico,
a parênese incute “a perseverança” até o
fim: “Sede pacientes, fortalecei os vossos corações, pois a Parusia do Senhor
está próxima” (Tg 5.8). “Aquele que perseverar até o fim, esse será salvo” (Mt
10.22; 24.13). ...
Conquanto
a expectativa da Parusia está determinada mais pela recordação de Cristo, ela
conclama a uma nova forma de vida na Comunhão com Cristo. O “dia” está próximo,
por isso já podem “ressuscitar” nesta vida: “Desperta, ó tu que dormes,
levanta-te dentre os mortos, e Cristo te iluminará” (Ef 5.14; Rm 13.11). Eles
são “filhos da luz” (Ef 5.8s) e deverão viver como filhos da luz, abandonar “as
obras das trevas” e “tomar as armas da luz” (Rm 13.12). Com esse simbolismo da
luz é descrito o Reino de Cristo e a nova criação. Embora ainda seja escuro
neste tempo da violência e da injustiça, os crentes podem antecipar a luz da
nova criação e viver já aqui do futuro de Cristo.
O Caminho de Jesus Cristo -
Cristologia em dimensões Messiânicas - J. Moltmann
Na vida
segundo a natureza, a dor, o sofrimento, a morte, são derrotas às quais é
impossível escapar, bem como ao insucesso, ao fracasso, ao mal. A reação espontânea
do eu individual ao fracasso da sua afirmação pessoal, do seu projeto, ou
perante uma doença que avança inexoravelmente, é normalmente violenta ou de
rendição total, de abandono a uma posição niilista. Na vida nova, também estas
realidades vão ser sacramentalmente alicerçadas no Corpo de Cristo.
Quando,
pelos motivos mais diversificados, se cede à tentação, começa a enfraquecer o
laço de amor com o Pai e acabamos por centrar o nosso olhar novamente sobre nós
mesmos, deixando-nos guiar pelas vozes que desejam proteger o eu, começamos a afogar-nos
nas vagas do mal. Tal como S. Pedro, quando deu os primeiros passos sobre as
ondas da água, mas, depois, com medo do escuro, da profundidade, do vento
contrário, do desconhecido que estava por baixo, desviou o olhar de Cristo para
si e começou a afundar-se nas águas. A relação com Cristo, que antes era tão
forte a ponto de tornar firme até o mar, agora diminui, e Pedro começa a
afogar-se, cedendo ao medo (cf. Mt 14.22-23).
Todo o
pecado é uma espécie de regresso à vida do indivíduo, retornar a consciência do
eu individual. Qualquer pecado é uma ferida infligida ao amor e à relação. Por
isso, é regressar a uma existência isolada.
Neste
sentido, a Reconciliação é verdadeiramente a “irmã do Batismo”, como lhe
chamavam os Padres da Igreja, porque reintroduz o homem no Corpo de Cristo e
restitui-lhe o Espírito Santo, Senhor da Comunhão e do Amor. Como afirma a Lumen Gentium, LG 11,
este sacramento é o Sacramento da Reconciliação com a Igreja, porque não é
possível a reconciliação com o Pai a não ser como filhos, mas não podemos sê-lo
enquanto indivíduos, somente quando temos a vida do Filho, que é vida de
comunhão. A reconciliação com o Pai acontece no Filho. Quando estou
reconciliado no seu Corpo, sinto uma gratidão ainda mais presente, total,
inteira, diante do Pai. A reconciliação reúne-nos com o Corpo de Cristo,
reinsere-nos na vida como comunhão e é, por isso, um aumento de gratidão. ...
Como
afirma S. Paulo: “Estou convencido de que os sofrimentos do tempo presente não
têm comparação com a glória que há de revelar-se em nós” (Rm 8.18). ...
O homem
espiritual não se desespera pelo tempo que escapa, os anos que passam, as
doenças que chegam. Fá-lo não por heroísmo, mas pela certeza do seu resultado,
do seu significado nas chagas de Cristo, lá onde as feridas, as ofensas, as
bofetadas, os esputos, são transfigurados em luz, que não tem ocaso, e em
perfume do Ressuscitado.
Segundo
o Espírito - Marko Ivan Rupnik
PROPÓSITO DO MÊS
Meditar e refletir:
“... a Reconciliação é verdadeiramente a “irmã do
Batismo”, como lhe chamavam os Padres da Igreja, porque reintroduz o homem no
Corpo de Cristo e restitui-lhe o Espírito Santo, Senhor da comunhão e do amor. A
reconciliação com o Pai acontece no Filho. Quando estou reconciliado no seu
Corpo, sinto uma gratidão ainda mais presente, total, inteira, diante do Pai”.
INTENÇÃO MENSAL
Oferecimento
da oração do Santo Terço à Virgem Maria, “Pelos sacerdotes, para que, com a
simplicidade e a humildade de sua vida, se empenhem numa solidariedade ativa
para com os mais pobres.”.
PARA APROFUNDAR
O
Caminho de Jesus Cristo - Cristologia em Dimensões Messiânicas - Jurgen
Moltmann
Segundo
o Espírito –A teologia espiritual a caminho com a Igreja do Papa Francisco-
Marko Ivan Rupnik
*Ilustra
o Tema Mensal - Junho 2019, “A última Ceia”, de Leonardo Da Vinci e está na
Igreja de Sta. Maria delle Grazie - Milan - Itália.
M.C.V.F.
www.virgemperegrina-sp.blogspot.com