Maio
- 2019
(Ano
C)
“Apareceu
no Céu um grande sinal: uma Mulher vestida de sol...” (Ap. 12.1)
“Quem
é essa que desponta como a aurora...” (Can 6.10)
“Apareceu no Céu um
grande sinal: uma Mulher vestida de sol, com a lua debaixo dos pés e com uma
coroa de doze estrelas na cabeça. Estava grávida e gritava com as dores do
parto e o tormento de dar à luz. Apareceu ainda outro sinal no Céu: era um
grande dragão de fogo com sete cabeças e dez chifres, e nas cabeças tinha sete
diademas... O dragão colocou-se diante da Mulher que estava para dar à luz, a
fim de lhe devorar o filho quando ele nascesse...” ( Ap. 12.1-4)
Quando se abre o
Apocalipse sente-se de imediato uma atração mista. É um texto de luta, estriado
pelo sangue da História, mas é também uma obra de contemplação envolvida num
clarão de luz do qual emerge uma cidade onde não se chora mais e onde a morte
não reside. (Ap 21.4)
O Apocalipse é um
texto que nos puxa para a esperança sem nos levar a esquecer o presente, que
nos convida ao otimismo sem ignorar o sofrimento, que nos orienta para um
futuro sem nos dizer grande coisa sobre o fim do mundo, a não ser em sentido
teológico, sem fazer horóscopos sobre a história.
Através da correta
decifração dos símbolos, o Apocalipse aparece de imediato naquilo que pretende
ser, “Revelação de Jesus Cristo”(1.1) no
sentido profundo e autêntico da história e do ser.
Fixemos agora nossa
atenção à volta do capítulo 12,... Certamente uma das páginas mais conhecidas
do Apocalipse, sobretudo por causa da sua interpretação Mariológica.
No centro surge uma figura gloriosa: é uma mulher envolta
num manto de luz (Sl 104.2), com a lua debaixo dos pés, e coroada com uma coroa
de doze estrelas. O pensamento corre para o Cântico dos Cânticos: “Quem é essa
que desponta como a aurora, bela como a lua, fulgurante como o sol?” (Can 6.10)
Foram inúmeras as identificações inventadas ao longo dos
séculos a respeito desta figura feminina, mas a mais clássica foi oferecida
pela tradição: é Maria que dá à luz Cristo.
... Na tradição judaica as dores do parto eram uma imagem utilizada para
descrever o prelúdio do advento do Messias (cf. Jo 16.21). É fácil a
transposição mariana: a Virgem é mãe fecunda que gera para a história o Filho
Salvador.
Mas, de repente, a agradável cena do parto é lacerada por
uma invasão aterradora. Eis o grande monstro primordial contra o qual Deus
combateu na Criação: o dragão é símbolo do mal, do demoníaco; a sua cor, como a
do cavalo de guerra (Ap 6.4), é o vermelho-sangue, porque nos arrasta para a
violência, a opressão, as guerras. Mas a besta encarna um outro significado.
Com as suas sete cabeças, os seus dez chifres, sinal do
poder arrogante, com as suas sete coroas representa a brutalidade do poder,
sobretudo do poder imperial romano (elementos deste gênero estavam presentes já
no Livro de Daniel a que o Apocalipse recorre).
A atuação do dragão é sacrílega, é um desafio ao Céu: a sua
cauda vigorosa, de fato, derruba as estrelas do Céu, lugar divino.
Certo é que João atribui a Satanás um poder sobrenatural. Mas
a narração tem o seu ponto alto precisamente no conflito que se abre entre o
dragão demoníaco e a mulher com o filho recém-nascido. O confronto entre Bem e
Mal é aberto. O varão dado à luz pela mulher tem qualidades messiânicas: no v.5
cita-se, de fato, o Sl 2 que apresenta o rei messiânico dotado de um poderoso
cetro de ferro capaz de acabar com qualquer rebelião dos povos (v.9).
São incontáveis as tentativas que o Maligno emprega para
vencer a mulher e, portanto, o Bem. ... O dragão reitera os seus assaltos, não
se contentando em atingir apenas a mulher, mas também a sua descendência:
evidente alusão a Genesis 3.15. Intui-se claramente que no Filho da mulher são
evocados e envolvidos também os filhos de Deus, os cristãos, que se mantêm
fiéis graças à Palavra de Deus e em especial do Evangelho, que são “testemunhas
de Jesus”. Todos estes são filhos da Igreja, “a Jerusalém do Alto, livre e
nossa mãe”(Gal 4.26)
“Vi um sinal que apareceu no Céu. É uma mulher vestida de
sol: debaixo dos pés estava uma lua, e doze estrelas formavam uma coroa na
cabeça. Estava grávida e gemia com as dores...”
Ela é Maria, o novo
Céu que está sobre a Terra, da qual surgiu para nós o sol de justiça. De fato,
o sol que a envolvia é o nosso Senhor Jesus Cristo; a lua que estava sob os
seus pés é João Batista; as doze estrelas que formavam uma coroa na cabeça são
os doze Apóstolos que a circundam e a veneram. Por isso, todos os povos
glorificam a Virgem, porque foi Ela que gerou Deus para nós, enquanto a sua
virgindade permaneceu sigilada!
PROPÓSITO
DO MÊS
MEDITAR
E REFLETIR:
“...a
mulher do Apocalipse pode oscilar entre a representação da Igreja, povo de Deus
na Terra, perseguida por Satanás, em cujo seio pelo Batismo são gerados novos
filhos, e a Mãe do Messias, Maria, contra a qual se enfurece o poder das trevas
que tenta aniquilar o Filho, princípio de salvação e de vitória sobre o mal.”
INTENÇÃO
MENSAL
Oferecimento da oração do Santo Terço à Virgem Maria, “para que a Igreja na África seja fermento
de unidade entre os povos e sinal de esperança”.
PARA
APROFUNDAR
Os
Rostos de Maria na Bíblia - Gianfranco Ravasi
O
Apocalipse - Bíblia de Jerusalém
*Ilustra
o Tema Mensal de Maio 2019: “Nossa Senhora de Guadalupe”, que desde o século
XVI, tem sido retratada como a Mulher do Apocalipse.
Baixe este e Temas de meses anteriores - Arquivos em Word
Baixe este e Temas de meses anteriores - Arquivos em Word
M.C.V.F.