Novembro 2019
(Ano C)
“Ele é a imagem do Deus invisível, o Primogênito de
toda a Criação” (Col 1.15)
“Ele é a Cabeça do corpo, isto é, da Igreja” (Col 1.18)
“EU SOU”
Cristo é o único mediador entre Deus e os homens.
É Mediador pelo fato de ser
Deus-Homem. Traz em Si todo o íntimo mundo da divindade, todo o Mistério
trinitário e ao mesmo tempo o mistério da vida no tempo e na imortalidade. É
verdadeiro homem. NEle o divino não se confunde com o humano. Permanece algo
essencialmente divino.
Mas Cristo, ao mesmo tempo,
é tão humano! Graças a isto, todo o mundo dos homens, toda a história da humanidade
encontra nEle a sua expressão diante de Deus. E não diante de um Deus
distante, inatingível, mas diante de um Deus que está nEle; ou melhor, que é Ele
mesmo. Isto não existe em nenhuma outra religião nem, muito menos, em qualquer
filosofia. ...
Cristo, desde o início, se acha no centro da fé e da
vida da Igreja. E também no centro do Magistério e da Teologia.
Quanto ao Magistério, é preciso reportar-se a todo o primeiro milênio, a partir
do I Concílio de Nicéia, passando pelos de Éfeso e Calcedônia, e depois até o
II Concílio de Nicéia, consequência dos anteriores. Todos os Concílios do
primeiro milênio giram em torno do mistério da Santíssima Trindade, compreendendo
a processão do Espírito Santo; mas todos, na sua raiz, são cristológicos. Desde que Pedro confessou: “Tu
és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mt 16.16), Cristo se achou no centro
da fé e da vida dos cristãos, no centro do testemunho deles, que muitas vezes
foi até o extremo do derramamento de sangue.
Graças a esta fé, a Igreja
conheceu uma crescente expansão, apesar das perseguições. E a fé
progressivamente foi cristianizando o mundo antigo. E mesmo que mais tarde
tenha aparecido a ameaça do arianismo, a verdadeira fé em Cristo, Deus-Homem,
segundo a confissão de Pedro em Cesaréia de Filipe, não cessou de ser o centro
da vida, do testemunho, do culto e da liturgia. Poder-se-ia falar de uma concentração cristológica do
Cristianismo, que ocorreu já desde o início.
Isto se refere, antes de
tudo, à fé e diz respeito à tradição viva da Igreja. ... A originalidade de
Cristo, indicada nas palavras pronunciadas por Pedro em Cesaréia de Filipe,
constitui o centro da fé da Igreja expressa no Símbolo: “Creio em Deus Pai todo-poderoso,
Criador do Céu e da Terra; e em Jesus Cristo, Seu único Filho, nosso Senhor, o
qual foi concebido do Espírito Santo, nasceu de Maria Virgem, padeceu sob Pôncio Pilatos,
foi crucificado, morto e sepultado; desceu à mansão
dos mortos, ressuscitou ao terceiro dia, subiu ao Céu, está sentado à direita
de Deus Pai todo-poderoso ...
Este assim chamado Símbolo
Apostólico é a expressão da fé de Pedro e de toda a Igreja. Desde o IV século entrará
no uso catequético e litúrgico o Símbolo Niceno-Constantinopolitano, que lhe
amplia o ensinamento. Amplia-o levando em conta a maior consciência que a
Igreja alcança, penetrando progressivamente na cultura helênica e percebendo,
portanto, com maior clareza a necessidade de impostações doutrinais adequadas e
convincentes para aquele mundo.
Em Nicéia e Constantinopla,
portanto, afirmou-se que “Jesus Cristo é o Filho Unigênito do Pai eterno,
gerado e não criado, consubstancial ao Pai, e por meio do qual todas as coisas
foram criadas”. ...
As palavras da profissão de
fé de Nicéia não são mais que o reflexo da doutrina de Paulo. Nelas se
compendia, aliás, também a herança de João, particularmente a doutrina contida
no Prólogo (cf. Jo 1.1-18), mas não somente ali. Todo o Evangelho de João, e
também suas Cartas, são um testemunho da Palavra de Vida, atestam “aquilo que ouvimos,
o que vimos com os olhos, o que
contemplamos e nossas mãos apalparam” (1Jo 1.1).
Sob certo aspecto, Joao tem maiores créditos que Paulo
por ser testemunha qualificada, embora o testemunho de Paulo seja particularmente
impressionante. É importante este confronto entre Paulo e João. João, com efeito, escreveu
mais tarde. Paulo primeiro. Portanto, é sobretudo em Paulo que se devem
procurar as primeiras expressões da fé.
E não apenas em Paulo, mas também
em Lucas, que era discípulo de
Paulo. Estou me referindo às palavras que Cristo pronunciou - como anota o
Evangelista - : “sentindo-se inundar de alegria no Espirito Santo” (cf. Lc 10.21) – “Graças te dou, Pai, Senhor
do Céu e da Terra, porque escondeste estas coisas dos sábios e prudentes, e as
revelaste aos pequeninos... Ninguém conhece quem é o Filho, senão o Pai, e quem
é o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho quiser revelar” (Lc 10.21-22). Mas, aquilo que Lucas
afirma encontra um correspondente preciso nas palavras do Prólogo de João: “A
Deus ninguém nunca viu. O Filho Unigênito que está no seio do Pai foi quem
no-lo deu a conhecer” (Jo 1.18).
A cristologia do Novo Testamento é “avassaladora”. Os Padres, a Alta
Escolástica, a teologia dos séculos posteriores só tiveram que voltar, com espanto sempre novo, ao
patrimônio recebido, para então preparar e progressivamente desenvolver
o seu aprofundamento. ... O mistério da Redenção é visto com os olhos da grande
renovação do homem e de tudo aquilo que é humano, proposto pelo Concílio,
especialmente na Gaudium et Spes. A Encíclica quer ser um grande hino de alegria pelo fato de o homem ter
sido remido por Cristo: remido na alma e no corpo.
Cruzando
o Limiar da Esperança - Sua Santidade João Paulo II
PROPÓSITO DO MÊS
MEDITAR E REFLETIR:
“Cristo, desde o início, se acha no centro da fé e da
vida da Igreja”
INTENÇÃO MENSAL
Oferecimento do Santo Terço à
Santíssima Virgem Maria, “Pela Santa Igreja e pelo Papa Francisco”, rezemos.
PARA APROFUNDAR:
Cruzando o Limiar da Esperança
- por Sua
Santidade JOÃO PAULO
II
Gaudium et Spes
- Constituição Pastoral - Concílio Vaticano II
*A obra que ilustra o Tema Mensal - Novembro 2019: “Cristo
Pantocrator” - Cláudio Pastro. Detalhe do
painel principal da nave norte acima da Porta Santa da
Basílica de Aparecida (SP), Brasil.
M.C.V.F.
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