Março - 2018
(Ano - B)
“Maria! Não me
toques, pois ainda não subi ao Pai. Vai, porém, a meus irmãos e dize-lhes: Subo
a meu Pai e vosso Pai; a meu Deus e vosso Deus”.
(Jo. 20.16-17)
“Pois, assim como todos morrem em Adão, em Cristo todos
receberão a vida”. 1Cor. 15.22)
Ao narrar a crucifixão e morte de Jesus, o quarto Evangelho
põe em destaque as cinco características ou propriedades da Igreja.
Salienta-se, em primeiro lugar, que os idiomas hebraico,
grego e latim figuravam na inscrição colocada no madeiro para identificar o
Crucificado: “Jesus Nazareno, rei dos judeus”. Pode-se ver aí a universalidade, ou seja, a afirmação de
que Jesus morreu para salvar todos os seres humanos; todos são chamados a
habitar na pátria comum da Igreja.
A túnica de uma só peça, sorteada pelos soldados, indica a unidade. A costureira foi,
provavelmente, a Virgem Maria, a Mãe de Jesus Cristo, fonte e centro da
comunhão eclesial. Ela nada mais deseja do que manter inviolada, íntegra, a
túnica da Igreja.
A presença de Maria, acompanhada de algumas mulheres e do
“discípulo predileto”, junto da Cruz, exprime e encarna a maternidade da Igreja. Ao designar Maria por “Mulher”, Jesus revela
que, a partir daquela hora, todos os discípulos têm por mãe a Nova Eva. No
Calvário nos é dada uma comunidade, uma família, uns irmãos, umas irmãs, uns
companheiros, uns amigos. Maria - o primeiro dom de Jesus no Calvário, depois
do Espírito Santo - torna-se o ícone mais sublime da fibra maternal da Igreja;
esta espelha-se em Maria e prolonga a sua maternidade.
A sede de Jesus - sede física, mas também e, muito em
particular, ardentíssimo desejo de esgotar o “cálice” do seu amor ao Pai e aos
seres humanos - indica outra qualidade típica da Igreja, a espiritualidade. A Igreja vive do Espírito que Jesus lhe deixou e a
torna indefetivelmente santa. Chamados, somos todos, a viver do Espírito do Pai
e do Filho que anima a Igreja. Chamados a manifestar a santidade da Igreja
através dos frutos que o Espírito produz em nós, se com Ele colaborarmos.
Por último, a sacramentalidade:
do seu lado trespassado pela lança, Jesus fez manar sangue e água, de onde
nasceram os sacramentos da Igreja, para que todos os crentes pudessem beber com
alegria nas fontes da salvação.
Nossa
Senhora do Evangelho “Fazei o que Ele vos disser” - Abílio Pina Ribeiro
E o Grande Milagre
aconteceu.
A salvação da humanidade definitivamente se implantou. Dos limites e impotência da vida humana e
do abismo da morte Ele, definitivamente, se liberta, ressuscita.
A sepultura encontrada vazia e as sucessivas aparições são o
grande testemunho do Milagre. Não só se
liberta, mas também salva.
A salvação aconteceu, como possibilidade certa para todos os
que crêem no Senhor Jesus, morto e ressuscitado. A grande Promessa se realiza,
agora, pela Fé naquele que, pela sua vitoriosa morte-ressurreição, nos libertou
da morte e do instrumento de morte que é o pecado.
Isso tudo se deu porque Jesus vivia dentro de si um profundo
sentimento de gratidão. Gratidão vinda de sua total abertura à vontade do Pai,
que se traduz pelo total desapego à sua própria vontade. Para ilustrar, basta
aqui lembrarmos a belíssima oração por Ele pronunciada logo após a escolha dos
setenta e dois colaboradores seus em missão. Diz o Evangelho que Jesus
“sentindo-se inundado de alegria no Espírito Santo”- não seria o sentimento de
gratidão?! -, então orou dizendo: “Graças te dou, Pai, Senhor do Céu e da
Terra, porque escondeste estas coisas dos sábios e prudentes, e as revelaste
aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim foi de teu agrado. Tudo me foi entregue
pelo Pai. Ninguém conhece quem é o Filho senão o Pai e quem é o Pai senão o
Filho e aquele a quem o Filho quiser revelar” (Lc. 10.21-22). Em outras
palavras, esse sentimento de gratidão expressa a íntima e total conexão nas
relações entre ambos, bem como com quem for dada a graça de entrar no mesmo
jogo (“aquele a quem o Filho quiser revelar”). Por isso, Jesus foi atendido em
suas “preces e súplicas entre clamor e lágrimas Àquele que o podia salvar da
morte” (Hb. 5.7), “preces e súplicas” muito bem expressas na sua famosa “oração
eucarística”, por ocasião de sua última ceia, no momento extremo da dor da
despedida.
(Jo. 17.1-26). E assim a salvação aconteceu também “para
todos os que lhe obedecem”.
Resultado, com o Milagre salvador da morte-ressurreição, a
gratidão de Jesus contagiou e foi contagiando todos os seus seguidores pelos
tempos afora, na Terra e, sobretudo no Céu, até hoje e para sempre. Tanto é
que, ao memorial que Ele nos deixou de sua Páscoa, que inicialmente chamaram de
“fração do pão”, os cristãos do Ocidente acabaram chamando simplesmente de
“Eucaristia” (Ação de graças). Ação de graças que celebramos em comunhão com a
incontável multidão de anjos e santos do Céu que, junto ao Cordeiro imolado e,
agora, “vivo para sempre”, cantam a glória, a riqueza e o poder supremos dele (Ap.
5.11-14), cantam a santidade e a eterna misericórdia do Deus poderoso que, pelo
sangue do Cordeiro, nos fez passar da morte para a vida em plenitude. São os
cristãos que, no seguimento de Jesus, tiveram a graça de desenvolver, em seus
corpos, profundos sentimentos de gratidão. Pois é pela gratidão, desenvolvida
pela vigilante desconfiança do nosso ego, que de fato sabemos pedir e receber.
Repetindo a frase do Pe. Antonio Vieira: “O melhor modo de pedir é agradecer”.
A experiência da Salvação e Gratidão - Frei
José Ariovaldo da Silva, ofm.
PROPÓSITO DO MÊS
Meditar e refletir:
“E o Grande Milagre aconteceu. A salvação da humanidade definitivamente se
implantou. Dos limites e impotência da vida humana e do abismo da morte ele,
definitivamente. Se liberta, ressuscita (cf. Mt. 28.1-20; Mc. 16.1-18;Lc.
24.1-49; Jo. 20.1-21.28)
INTENÇÃO MENSAL
Oferecimento da oração do Terço à Nossa Senhora,“pelo discernimento espiritual, pessoal e
comunitário”
PARA APROFUNDAR
Nossa Senhora do Evangelho “Fazei o que Ele vos disser”
- Abílio Pina Ribeiro - (XXVI)
Maria na liturgia e
na piedade popular - Pe. Valdivino Guimarães, C.Ss.R. - pg.179 “A experiência
da Salvação e Gratidão - Frei José Ariovaldo da Silva, ofm
*A obra que ilustra o Tema Mensal de março 2018, é de Marko
Ivan Rupnik - “Cristo Ressuscitado” - Catedral de São Sebastião - Bratislava,
Eslováquia.
M.C.V.F.
www.virgemperegrina.org.br