Janeiro - 2019
(Ano C)
“Como mereço que a Mãe do meu
Senhor venha me visitar?” (Lc.
1.43)
“Sob a Tua
proteção, nos refugimos, ó Theotókos!”
Por graça de Deus
exaltada depois do Filho acima de todos os Anjos e homens, como Mãe Santíssima
de Deus, Maria esteve presente aos Mistérios de Cristo e é merecidamente
honrada com culto especial pela Igreja. Com efeito, desde remotíssimos tempos a
Bem-aventurada Virgem é venerada sob o título de Mãe de Deus, sob cuja proteção
os fiéis se refugiam súplices em todos os seus perigos e necessidades.
Constituição Dogmática “Lumen Gentium” (n. 66)
Todos os
Evangelhos afirmam, sem sombra de dúvida, que Maria de Nazaré é a Mãe de Jesus.
Marcos lembra que
o povo de seu povoado chamava Jesus de “filho de Maria” (Mc
6.3). Mateus, ao se referir à origem de Jesus, chama-a de
“Maria, sua Mãe” (Mt 1.18). Lucas
conta, de maneira poética e cheia de símbolos, a anunciação do Anjo de Deus a
Maria, a futura Mãe de Jesus (Lc 1.26-38). João nem a chama pelo nome, diz
somente: “a Mãe de Jesus” (Jo 2.1 e 19.25). No
entanto, os Evangelistas valorizam muito mais outras características de Maria
do que o fato de ser Mãe biológica de Jesus. Ela é apresentada como a perfeita
discípula que ouve, medita e frutifica a Palavra; a peregrina na fé; a mulher
perseverante no amor de Jesus até a cruz, a guia e Mãe da comunidade. O único
versículo que ressalta a maternidade de Maria está na saudação de Isabel:
“Como mereço que a Mãe do meu
Senhor venha me visitar?” (Lc 1.43)
Depois da
Ressurreição, os seguidores de Jesus voltam a perguntar, de forma cada vez mais
profunda, “quem é esse homem” e descobrem que na figura extraordinária do homem
de Nazaré havia algo mais. Jesus era o próprio Filho de Deus encarnado. Uma
novidade linda e incomparável!
O quarto
Evangelista assim tematizou tal realidade: Deus
nos amou tanto que enviou seu Filho para partilhar conosco da existência
humana!
Nos primeiros
séculos, o Cristianismo penetrou em várias culturas da Ásia e do Oriente Médio,
que estavam sob o domínio dos romanos. Ao se inculturar, ele tomou muitos
elementos do modo de pensar e de sentir desses povos, bem como seus símbolos.
No Oriente, havia
uma corrente de pensamento que fazia uma divisão radical entre o corpo e a
alma, a matéria e o espírito. Era dualista, isto é, separava o ser humano em
dimensões irreconciliáveis.
Nesse grupo,
destacavam-se os “gnósticos”.
Eles diziam que o
ser humano é salvo pelo conhecimento da verdade (gnose).
O espírito é luz,
o corpo é treva. O que o ser humano considera como maldade do ponto de vista ético
na realidade é a ignorância, que se origina da matéria.
Os gnósticos não
admitiam que Jesus permaneceu no útero de Maria durante nove meses e nasceu
envolvido em sangue e placenta, como qualquer outro bebê. Um ser divino não
poderia ter sido contaminado com tantas coisas materiais! Então, imaginaram que
Jesus nasceu de repente, como pura luz. Passou pelo corpo de Maria como uma luz
atravessa um prisma ou uma fresta da janela. Ou, ainda, como a água passa
rapidamente por um cano.
Os Pais da Igreja,
que viveram nos primeiros séculos, reagiram duramente contra essa tendência
espiritualista, que descaracterizava a encarnação do Filho de Deus, uma das
mais belas verdades da fé cristã. Nesse sentido, eles sustentavam que a
maternidade de Maria é real, verdadeira, concreta. O Filho de Deus se faz ser
humano para que nós possamos provar mais intensamente da divindade.
Para ressaltar que
Jesus de fato tinha passado por uma gestação normal, que era ser humano de
verdade, alguns Pais da Igreja diziam que Maria é aquela que engravidou,
esperou e parturiu (pariu) o Filho de Deus. Assim, Orígenes, Basílio e Epifânio
usaram a palavra grega Theotókos,
que literalmente significa “a parturiente de Deus”. A palavra Theotókos aparece também em algumas
orações a Maria. A mais antiga seria datada do final do século III, e se inicia
assim: “Sob a Tua proteção, nos refugimos,
ó Theotókos!”
Maria
Toda de Deus e tão humana - Afonso Murad
Desde o Sínodo de
Éfeso, o culto do povo de Deus a Maria cresceu maravilhosamente em veneração e
amor, em invocação e imitação, de acordo com suas próprias proféticas palavras:
“Chamar-Me-ão Bem-aventurada todas as
gerações, porque fez em mim grandes coisas o Poderoso” (Lc
1.48).
Constituição Dogmática “Lumen Gentium”
(n.
66)
PROPÓSITO DO MÊS
MEDITAR E REFLETIR
“... saibam os
fiéis que a verdadeira devoção não consiste num estéril e transitório afeto,
nem numa certa vã credulidade, mas procede da fé verdadeira pela qual somos
levados a reconhecer a excelência da Mãe de Deus, excitados a um amor filial
para com nossa Mãe e à imitação das suas virtudes.” (L.G. 67)
INTENÇÃO MENSAL
Oferecimento do
Santo Terço à Santíssima Virgem Maria, para que “Jesus seja conhecido, amado e glorificado!”
Para
aprofundar
Compêndio do
Vaticano II - Constituição Dogmática - “Lumen Gentium” (66/67 pág. 111/112)
Maria Toda de Deus
e tão humana - Compêndio de Mariologia - (pág. 135) Afonso Murad
*A
obra que ilustra o Tema Mensal - Janeiro 2019: “Nossa Senhora Mãe Querida” -
Ícone - Theotókos.
M.
C. V. F.
