Novembro – 2020 (Ano A)
“A salvação pertence ao nosso Deus, que está sentado no trono, e ao Cordeiro” (Ap 10)
“Vede! Eu mesmo vou procurar minhas ovelhas e tomar conta delas” (Ez 11)
No grande Credo da Igreja, a parte central - que trata do Mistério de Cristo a partir da sua geração eterna no Pai e do nascimento temporal da Virgem Maria, passando pela Cruz e a Ressurreição até ao seu retorno - conclui com as palavras: “... de novo há-de vir em sua glória, para julgar os vivos e os mortos”. Já desde os primeiros tempos, a perspectiva do Juízo influenciou os cristãos até na sua própria vida quotidiana enquanto critério segundo o qual ordenar a vida presente, enquanto apelo à sua consciência e, ao mesmo tempo, enquanto Esperança na justiça de Deus.
A fé em Cristo nunca se limitou a olhar só para trás nem só para o alto, mas olhou sempre também para a frente para a hora da justiça que o Senhor repetidas vezes preanunciara. Este olhar para diante conferiu ao cristianismo a sua importância para o presente. ...
Carta Encíclica - SPE SALVI - Salvos na Esperança n. 41 - Bento XVI
Os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas não estão completamente purificados, embora tenham garantida sua salvação eterna, passam, após sua morte, por uma purificação, a fim de obter a santidade necessária para entrar na alegria do Céu.
A Igreja denomina Purgatório esta purificação final dos eleitos ...
Catecismo da Igreja Católica – ns. 1030/1031
Alguns teólogos recentes defendem que o fogo que simultaneamente queima e salva é o próprio Cristo, o Juiz e Salvador. O encontro com Ele é o ato decisivo do Juízo. Ante o seu olhar, funde-se toda a falsidade. É o encontro com Ele que, queimando-nos, nos transforma e liberta para nos tornar verdadeiramente nós mesmos. As coisas edificadas durante a vida podem então revelar-se palha seca, pura fanfarronice e desmoronar-se. Porém, na dor deste encontro, em que o impuro e o nocivo do nosso ser se tornam evidentes, está a salvação. O seu olhar, o toque do seu coração cura-nos através de uma transformação certamente dolorosa “como pelo fogo”.
Contudo, é uma dor feliz, em que o poder santo do seu amor nos penetra como chama, consentindo-nos no final sermos totalmente nós mesmos e, por isso mesmo, totalmente de Deus. Deste modo, torna-se evidente também a compenetração entre justiça e graça: o nosso modo de viver não é irrelevante, mas a nossa sujeira não nos mancha para sempre, se ao menos continuamos inclinados para Cristo, para a verdade e para o amor. No fim de contas, esta sujeira já foi queimada na Paixão de Cristo. No momento do Juízo, experimentamos e acolhemos este prevalecer do seu amor sobre todo o mal no mundo e em nós. A dor do amor torna-se a nossa salvação e a nossa alegria. É claro que a “duração” deste queimar que transforma não a podemos calcular com as medidas de cronometragem deste mundo. O “momento” transformador deste encontro escapa à cronometragem terrena: é tempo do coração, tempo da “passagem” à comunhão com Deus no Corpo de Cristo.
O Juízo de Deus é Esperança quer porque é justiça, quer porque é graça. Se fosse somente graça que torna irrelevante tudo o que é terreno, Deus ficar-nos-ia devedor da resposta à pergunta acerca da justiça - pergunta que se nos apresenta decisiva diante da história e do mesmo Deus. E, se fosse pura justiça, o Juízo em definitivo poderia ser para todos nós só motivo de temor. A encarnação de Deus em Cristo uniu de tal modo um à outra, o juízo à graça, que a justiça ficou estabelecida com firmeza: todos nós cuidamos da nossa salvação “com temor e tremor” (Fl. 2.12)
Apesar de tudo, a graça permite-nos a todos nós esperar e caminhar cheios de confiança ao encontro do Juiz que conhecemos como nosso “advogado”, parakletos (cf. 1Jo 2.1).
Carta Encíclica - SPE SALVI - Salvos na Esperança ns. 47 - Bento XVI
A Igreja encerra o Ano Litúrgico, este ano no dia 22 de novembro, com a Solenidade:
“Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo”
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“Maria Santíssima, Virgem fiel, nos ajude a fazer deste tempo do Advento e de todo o novo ano litúrgico um caminho de autêntica santificação, para louvor e glória de Deus Pai, Filho e Espírito Santo”
Papa Bento XVI (26/11/2005)
PROPÓSITO DO MÊS
MEDITAR E REFLETIR:
“O Juízo de Deus é Esperança quer porque é justiça, quer porque é graça.”
INTENSÃO MENSAL
Oferecimento do Santo Terço à Santíssima Virgem Maria, “para que busquemos a santidade”.
PARA APROFUNDAR
Carta Encíclica - SPE SALVI ns. 41 e 47 - Salvos na Esperança - Bento XVI
Catecismo da Igreja Católica - CIC - ns. 1030/1031
*A obra que ilustra o Tema Mensal - Novembro 2020: “Descida ao submundo e Ressurreição”, é de Marko Ivan Rupnik e se encontra na Capela do Colégio St. Stanislaus em Liubliana, Eslovênia.
M.C.V.F.
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